Um conto sobre as facetas do divórcio e o medo de enfrentar
- se...
Naquela manhã eu acordei casada e no final do dia estava
passando por uma separação... Quinze dias depois eu assinava um papel que
levava embora tudo que eu acreditava, tudo pelo qual passara para manter aquele
relacionamento, eu estava divorciada...
Confesso que a primeira coisa que eu pensei, no meu egoísmo,
foi, quem vai esquentar meus pés quando o inverno chegar? Sim, pois meu querido
companheiro estava indo embora...
Em segundo lugar pensei: O que os outros vão pensar? Eu, que
sempre fora a certinha, a esforçada, a
briguenta para que tudo fosse da forma correta?
Oito anos antes deste divórcio, eu passava pela minha
primeira separação, era uma mãe adolescente que havia ficado sete anos com o
pai do meu filho. Minha primeira paixão, meu primeiro namorado, o pai do meu
filho... Eu saía de um relacionamento bombástico para entrar em um
relacionamento de autoconhecimento.
Naquele ano eu chorei tudo que tinha pra chorar, na verdade
chorei por coisas que eu nem entendia, mas que feriam minha alma. Dei mais três
anos da minha vida quando descobri que o pai do meu filho era um dependente
químico e lutei, confesso que usei meu poder de persuasão, para que ele
aceitasse tratamento em uma fazenda terapêutica. Enquanto ele ficava lá, aqui
fora eu cuidava de duas crianças, eu e meu filho e ainda trabalhava em dois
empregos para manter – me e ao filho que eu fizera. Deixei os estudos e foquei
na criação do meu filho... Quando percebi que aquele relacionamento imaturo com
o pai do meu filho estava levando meu filho para um abismo eu decidi mudar,
mesmo desejando estar com aquela pessoa.
Entrei em crise e virei uma psicótica... Andava por dentro
de casa ouvindo vozes e tentando o suicídio... Enquanto meu filho pedia atenção
em um cômodo da casa eu me arrastava para não deixar que ele percebesse minha
doença... A qual nem mesmo eu entendia...
Naquele ano eu senti o peso da raiva que havia dentro de
mim, da minha frustração e da minha imaturidade em lidar com tudo aquilo de
forma mais tranqüila...
Naquele ano eu chamei meu melhor amigo e lancei a oferta:
Vamos embora?
Fui embora de casa com R$35,00 no bolso e uma carona do
amigo que eu nem imaginava que se tornaria meu futuro marido.
Cheguei na Serra Gaúcha sem experiência de nada, sem ter
terminado de estudar e sem nunca ter enfrentado mais do que a rua da minha
casa, onde vivi toda minha infância, adolescência e parte da vida adulta. Eu
simplesmente não sabia olhar nos olhos das pessoas e me posicionar... Trinta
dias depois eu tinha um emprego, uma casa, dois amigos maravilhosos que
dividiam a vida comigo e que me apoiavam nos momentos de saudades de casa, do
meu filho e de minha mãe.
Lembro que naquele ano, para poder manter as despesas e buscar
meu filho, que ficara sob os cuidados de minha mãe, eu trabalhei de sol a sol,
eu fiz trabalhos braçais que eram para os homens da empresa e virava 22h
trabalhando, sem dormir, sem intervalo, em um mundo frenético de turistas
arrogantes e sem noção.
Meu foco era meu filho e uma nova vida, nada mais de
dependente químico chegando em casa de madrugada, nada mais de traições, nada
mais de humilhações, chantagens e momentos de desespero com uma criança nos
braços.
Lembro que naquele ano minha mãe teve de vender quase tudo
que havia dentro da minha casa da infância, meu refúgio sagrado, e colocar a
casa a venda para pagar dívidas... Eu não tinha pra onde voltar, eu não tinha
ninguém pra me bancar... E eu também não tinha ninguém pra fazer as coisas por
mim...
Os trabalhos que atraí foram tão pesados e desgastantes que
me tornei alguém doente, negativo e que reclamava de tudo... Eu só sabia que eu
precisava me manter para não ficar na rua...
Três meses depois eu busquei meu filho e o acomodei comigo
na nova cidade, na nova casa e na nossa nova vida...
Naquele ano meus olhos viram mais do que um amigo ao meu
lado e acabei casando, com tudo que eu sempre quisera...
E com este casamento vieram as responsabilidades e o
aprendizado, foram oito anos de parceria, companheirismo, amizade, fidelidade,
delicadeza, proteção e amor. Meu filho teve alguém pra chamar de pai e isto
aqueceu meu coração cansado de vagar dando com a cabeça nos muros que estavam
por tudo...
Naqueles anos de casamento eu cresci, cresci de uma forma
que jamais poderia supor que fosse capaz, e estudei, e me formei no que eu amo
e criei meu filho dentro do que eu acreditava que queria pra mim, quando eu fui
a filha. Vivi para minha casa, meu filho e um marido que era um amigo de alma...
Naquele ano eu conheci o que era autoconhecimento,
espiritualidade e mediunidade equilibrada, naquele ano eu ergui os pilares que
haviam faltado na minha criação.
E o inferno astral começou, descobri em mim e no marido
atual faces que não nos pertenciam, mas que ativavam toda uma ira
desequilibrada que precisava ser sanada.
Naquele ano eu iniciei minha formação em psicoterapia e fui
a paciente, a cobaia, até que aqueles horrores que habitavam meu inconsciente
viessem a tona para serem controlados.
Passei por mais de 300 regressões até entender que eu não
amava este homem, que eu o perseguia e que deturpara todos os meus contratos
sagrados de felicidade, prosperidade e reencontro com o ser que realmente
estava destinado pra minha vida.
Por mais que tudo houvesse virado um caos emocional dentro
de mim e que ao olhar pra ele soasse o alarme do inimigo, eu continuei sozinha,
buscando respostas e cura... Procurando cada vez mais ser melhor para aquelas
pessoas que estavam sob o mesmo teto que eu e que despertavam em minha alma toda a mágoa do mundo, todas as
raivas e desejos de vingança... De certa forma eu precisava, e me forçava, a
entender, que aquelas lembranças eram passado e que eu precisava respeita –
los...
Ao chegar em casa depois de um casamento, eu abria
automaticamente meu inconsciente para perceber que eu casara e fora mãe de dois
seres que eu não sabia dar amor e que não os aceitava, olhando agora, vejo que
a chave para abrir esta porta foi o casamento, e que só a dedicação a este
casamento me ensinaria a amar estes dois seres...
Oito anos depois... eu amanheci casada... e no fim do dia...
separada, definitivamente...
Naquele mesmo mês de divórcio eu perdi minha vó a única
amiga que eu tive na solidão da minha infância, a mulher que me deu amor, que
teve paciência e que me tratou como filha querida de seu coração... naquele mês
eu tive de deixar partir a pessoa mais adorada ao meu coração, a cúmplice das
minhas aventuras e da minha adolescência... E o marido que tinha se tornado um
amigo e companheiro fiel...
Confesso que naquele mês eu chorei tudo que tinha pra
chorar, literalmente “me peguei” e me coloquei dentro de um consultório
psicoterápico, como a paciente que eu era naquele momento, lá eu me permiti,
durante um mês, chorar desesperada, espernear, brigar com o aconselhamento da
terapeuta, soluçar e me sentir a vítima!! E comprei uma bolsa de água quente
para meus pés, que me acompanha até hoje...
Naquele mês eu decidi olhar para a Paula e fazer as perguntas
certas, não mais por que eu estava passando por tanta dor e medo, mas por que
eu precisava sentir dor e medo?
Naquele mês eu me permiti ligar de madrugada para a
terapeuta e chorar e falar da minha revolta por algo tão “perfeito” como meu
casamento não ter dado certo. Me permiti sentir raiva, mágoa, intolerância e
querer que o mundo se explodisse!!
Eu, Paula havia me dado um prazo de 30 dias pra chorar tudo,
até mesmo as falhas das vidas passadas com este ex marido e depois... Seguir em
frente.
Até então eu havia vivido sob as asas do meu medo, do meu
pânico de pessoas, da minha baixíssima auto – estima e do inconformismo por ser
eu e ter o corpo que eu tinha... Chorei a separação e aproveitei pra chorar o
estigma de ter nascido com o corpo da Paula, o rosto feio da Paula, o cabelo da
Paula, tudo que era da Paula.
Naquele mês eu chorei toda minha infância triste, minha
adolescência desvairada e sem orientação de adultos e o medo de estar novamente
sozinha com uma criança...
Quando fechou um mês de sofrimento, de ficar jogada no sofá,
no escuro, sem comer, com náuseas, chorando os planejamentos futuros que não
deram certo, atendendo no consultório com cara de diva e destruída por dentro,
enfurnada dentro de casa com medo das perguntas na rua e dos conhecidos: Cadê o
fulano... Não acredito, um casal perfeito, sempre juntos, lindos... Sim, nós
passamos oito anos grudados um no outro em eterno sentir – se bem na presença
do outro e as pessoas, as duas cidades em que morávamos nos conheciam por esta
união... Eu sacudi a poeira e me permiti me conhecer, não mais o meu poder de
seguir em frente, pois este já era conhecido desde a primeira separação, mas
meu potencial de saber para que eu tinha renascido e por que eu precisava
encontrar o homem que sempre tinha pedido aos céus e não ter conseguido amá –
lo. Eu queria saber o que eu estava fazendo ali, inserida naquele segundo divórcio,
naquela cidade, com aqueles vizinhos, com aquele corpo físico que eu detestava,
com todas as responsabilidades que um divórcio iria me trazer...
Naquele ano, foi o ano que mais trabalhei na minha vida e no
qual mais ganhei dinheiro, mostrando pra eu mesma que o ciclo de não
prosperidade havia acabado... Naquele ano, mesmo ganhando tanto dinheiro, eu
entendi que não precisava mais comprar e comprar e comprar para abafar algo...
Este algo já havia vindo a tona e eu precisava enfrentar; o medo da solidão e a
baixa auto – estima.
Naquele ano eu viajei ministrando cursos para estranhos e
nunca falei tão bem como naqueles dias, como se algo além de minhas
impossibilidades com a multidão me dissesse que era preciso apenas encarar e o
resto era por conta do universo...
Naquele ano conheci mais gente do que quando fiquei oito
anos casada, parecendo um bichinho da goiaba, tímida, introspectiva, careta e
ortodoxa.
Naquele ano de divórcio eu encarei o que os outros iam dizer
e foquei na minha liberdade, no meu aprendizado e nos meus sonhos, algo que
aquelas pessoas que julgavam pelas costas não haviam feito ainda, voar e ser
feliz por dentro... Resolvi enfrentar a grande máscara que a maioria usa,
morrer dentro de um relacionamento e viver de aparências... Eu não conseguia
viver assim...
Naquele ano eu alarguei o sorriso e comecei a sorrir
abertamente e encarei o processo de aceitar meu corpo, meu rosto e tudo que
havia em mim... Comecei a ver uma nova pessoa e uma mulher que até então eu não
conhecia, mas que muitos elogios tentavam me mostrar... Eu precisava me ver...
Naquele ano eu e meu filho nos aproximamos mais do que nunca
e nos tornamos amigos, não só mãe e filho naquele eterno medo de que ele não
fosse bem criado e que tivesse limites... Naquele ano eu me permiti largar tudo
que eu fazia e prestar atenção no que meu filho me dizia e no desenho do seu
rosto... Naquele ano eu permiti que meu filho me corrigisse quando eu me
excedia achando ser a mãe dona da verdade e ele me mostrou o quanto é bom ser
reeducada pelo amor de um filho amoroso...
Naquele ano eu descobri que daria a vida por ele, sem medo,
sem pensar duas vezes, sem clichês baratos e chorei emocionada, pois havíamos
resgatado as inimizades que tanto nos afastaram em outras vidas...
Naquele ano eu enfrentei minha mãe e tudo que eu engolira
por toda uma vida... Naquele ano eu falei tudo que pensava, gritei, chorei, me
acalmei, voltei lá e sentada em um sofá, em uma manhã, eu disse a ela que não
mais permitia que me julgasse, que me criticasse e fizesse eu me sentir um
monstro por tentar ser quem eu precisava ser... Naquela manhã eu decidi que eu
não precisava da aprovação dela ou de qualquer outra pessoa para ser feliz e
próspera em todos os sentidos...
Naquele ano eu sai e comprei vestidos justos, curtos e que
realçavam meu corpo e saí toda estranha, mas saí... E o resultado foi
maravilhoso!!
Naquele ano resgatei amizades saudosas e que eu deixara
partir por comodismo...
Naquele ano abandonei a carne de qualquer tipo e iniciei uma
desintoxicação alimentar que faria toda a diferença na minha vida...
Naquele ano eu me permiti gastar dinheiro com a Paula e não
com coisas supérfluas e fui viajar, fui ficar fora de casa e conhecer pessoas e
lugares, fui fazer seminários de autoconhecimento, bati asas e aceitei convites...
Naquele ano eu entendi que estava presa a um relacionamento que possuía a
perfeição do encontro de almas amigas, mas que não se amavam como homem e
mulher...
Naquele ano eu dancei sozinha e ergui o volume do som,
fechei os olhos e dancei pra mim, observando cada parte do meu corpo que se
recusava a ser livre e decidi continuar melhorando... Naquele ano eu emagreci,
mudei o cabelo, mudei a musculatura do meu corpo e coloquei regras para os
exercícios e a academia...
Naquele ano eu deixei partir tudo que me aprisionava e nunca
busquei tanto entender o que eu sentia e não o que os outros me faziam
sentir... Coloquei a cara na rua e recebi elogios ao invés de perguntas sobre o
divórcio...
Naquele ano meu consultório encheu de pessoas com a mesma
jornada e que sentiam o que eu sentia e que estavam mais desequilibradas do que
eu , quando me separei pela primeira
vez, sem noção de ser quem eu era...
Naquele ano eu comecei a sustentar olhares e dominei o medo
do sexo oposto e suas abordagens, decidi que não seria grosseira, mas que
saberia me posicionar...
Naquele ano eu me senti mais leve, em paz e saí com meus
cachorros para correr e chorei, por que eles me amavam e me lambiam quando hora
ou outra eu ainda precisava chorar para acalmar meus medos... Naquele ano eu
coloquei regras e não abri espaço e nos papéis do divórcio, o Baby, meu filho
amado e peludo ficava comigo, mesmo eu não tendo certeza de como seria uma vida
sem alguém dali pra frente, sem apoio financeiro...
Naquele ano eu fiquei com os três cachorros e as quatro
gatas e ganhei tanto dinheiro usando o Reiki para comprar comida pra eles que
eles ainda tem uma vida muito boa!! Melhor do que antes...
Naquele ano resolvi olhar as fotos antigas e não chorar ou
evitar e sorrir de saudades dele e do que foi pra mim e por mim... Eu começava
a entender que o amava como um amigo muito querido e que precisava deixar ele
viver como eu estava vivendo e então decidi que era melhor cada um voar para
longe do outro, até que nada mais nos impossibilitasse de enviar luz ao invés
de mágoa...
Naquele ano fiz muitos amigos e cada um deles eu sei que é
especial...
Naquele ano eu decidi tomar uma dose de tequila com limão e
sal para matar minha curiosidade e descobri que além de cara, a danada ainda
era ruim pra caramba... E descobri que não preciso beber pra sorrir e me
soltar... Eu já estou livre de mim mesma...
Naquele ano recusei convites masculinos e soube me
posicionar sem me sentir culpada, decidindo que seria na hora certa e quando eu
achasse que valeria a pena...
Naquele ano eu fiquei sozinha durante um ano e descobri que
amava minha companhia, sem lamúrias e reclamações ou ironias, descobri que eu
estava bem e aberta para me relacionar outra vez, mas desta vez consciente do
que eu queria, para onde ir e com quem, e o principal, eu sabia quem eu era e
até onde eu poderia ceder em função de outra pessoa...
Nunca, em apenas um ano eu vivi tão intensamente e de forma
a não atacar ninguém, meu propósito era e é me conhecer e me permitir, desde
que eu mesma não ultrapasse meus limites sagrados...
Naquele ano cozinhei pra mim e bebi suco de uva enquanto
escolhia um filme, sentei no meu sofá e relembrei o passado sem dor, sem
desequilíbrios e pude elogiar mentalmente esta pessoa que esteve oito anos
comigo... Naquele ano perdoei definitivamente o que o primeiro namorado e pai
do meu filho havia feito e as escolhas que havia seguido...
Naquele ano me arrumei e me assumi, saí na noite e dancei pra
mim, me vesti pra mim e não deixei de aceitar olhares de admiração de homens e
mulheres... Naquele ano eu comecei entender o que realmente era ser feliz e
como manter este estado o maior tempo possível...
Abandonei o arquétipo da prostituta que havia em mim e que
havia se desviado do caminho por recompensas de afeto, companhia, carinho,
segurança e encarei a arte de não ter de quem depender financeiramente e cobri
todas minhas despesas e meus medos financeiros...
Naquele ano eu decidi que não ia mais me desviar e todos os
dias eu peço que eu continue no caminho e que tenha humildade para voltar a ele
se me desviar... E aceitei que preciso ficar sozinha... Pois encontrei uma
parceira, amiga, conselheira, companheira fiel como nunca encontrei, em mim
mesma, entendendo que não posso buscar isto nos outros, mas em mim mesma...
Naquele ano eu decidi que viver é maravilhoso e que as fases
ruins duram o tempo que permitimos... e que eu sou a mais fiel amiga nas fases
ruins, sem ter a necessidade de buscar alguém para me suprir... Naquele ano eu
desfiz tantos contratos sagrados distorcidos com o plano espiritual inferior
que cheguei a ficar cansada e surpresa por ter me abandonado por tanto tempo às
mãos de outras criaturas... Naquele ano me esforcei tanto, baixei tanto a minha
crista que até os companheiros inferiores dos quais revoguei o poder de me
controlar, viraram meus amigos e choramos esta conquista...
Naquele ano eu conversei com meu Mentor Espiritual como
nunca e aceitei que a rebeldia não me levaria a lugar nenhum e que os tempos
ruins precisavam ser libertados para que as coisas boas chegassem... Naquele
ano ministrei mais cursos do que em toda minha carreira como ministrante...
Naquele ano escrevi meu primeiro livro, meu sonho desde criança...
Naquele ano eu consertei o chuveiro, o encanamento da pia da
cozinha, paguei as contas sozinha, negociei em lojas de materiais de
construção, fui às compras da casa sozinha e ainda fiquei no verde... O que eu
nunca fizera sozinha desde então...
Tomei todas as decisões, expliquei para um pré - adolescente sobre
divórcio e comprei tapetes novos...
Naquele ano dormi todas as noites sozinha e não fiz questão
de cultuar saudades, pois elas não existiam e eu tinha plena consciência que se
começasse a entrar no papel de mártir ou vítima, eu acabaria colocando todo meu
processo a perder...
Naquele ano nunca me permiti acessar páginas que fossem dele
ou sua vida particular, pois eu entendia que EU precisava de espaço e precisava
fazer isto pela privacidade sagrada desta pessoa... Naquele ano decidi guardar com carinho as
fotos que haviam ficado comigo e aceitar que o ciclo havia terminado...
Naquele ano assumi completamente minha profissão e dela
tirei todas as vantagens positivas que me oferecia e disto contratei um
contrato sagrado para não me desviar dela, jamais... E os convites de outras
cidades para trabalhar e ministrar começaram a chegar sem que eu fizesse
esforços ansiosos para tê – los, não, eu simplesmente decidi nunca mais me
vender por medo ou pressa ou carência...
Naquele ano libertei meu pai e entendi que eu queria que ele
fosse como eu achava que devia e entendi que ele era assim e que isto não era
para me machucar...
Naquele ano eu entendi e vivenciei o que significava
gratidão, entendi o que eu merecia e não me permitia e parei de colocar a culpa
nos outros ou nas situações e assumi meu comportamento desequilibrado, me auto
– corrigindo tanto, que muitas vezes me senti cansada de ficar me vigiando...
Naquele ano eu entendi que, ou eu me corrigia e parava de sofrer por eu mesma e
me reconstruía ou meus 30 anos seriam perdidos e eu me transformaria no meu
maior medo, ser uma mulher frustrada, mau amada, sem profissão, com um rótulo
de divorciada e com um menino para criar de qualquer jeito!
Eu tinha medo, mas precisava seguir em frente, eu tinha
dúvidas, mas precisava me forçar a caminhar, eu não sabia o caminho, mas
precisava escolher um...
Naquele ano eu tomei coragem para enfrentar meus fantasmas e
desliguei o abajur e dormi profundamente no escuro... Ele não me assustava
mais, pois eu havia acendido a lâmpada da minha alma, a luz da minha
consciência e nada mais poderia roubar meu sono...
E aqui estou... Com muito a resolver ainda, ainda detentora
da personalidade congênita da rebeldia, mas com uma vontade enorme de ser livre
de mim mesma e de minhas limitações, para que nenhum relacionamento, situação
ou pessoa ganhe o direito de me privar de ser quem eu sou... Neste ano usei
toda minha rebeldia, e a transformei em garra para me manter sóbria e confiante
e como diz meu amado amigo e Mentor Espiritual: Rebeldia bem direcionada, abre
portas... E eu comecei a fechar as portas que não podem mais ficar abertas e
iniciei o processo de abrir outras...
E de tudo daquele ano o que eu mais gostei foi aceitar quem
eu sou e que não sou alguém que gosta de curtir a fase infinita da lamentação,
da vitimização e até mesmo do suicídio, que um dia pairou em meu caminho... Eu
sou alguém que quer mudar e que quer ajudar aos outros a mudarem a visão de
seus momentos difíceis...
Eu nasci para me proporcionar isto e não abro mão por nada
deste mundo... Eu havia nascido para
aprender a encerrar ciclos sem surtar e fazer as escolhas de forma mais
rápidas, saindo do papel de vítima assim que o identificasse...
Naquele ano eu decidi não focar no todo coletivo que acreditava que viera sofrer, resgatar e dar tudo errado... Decidi aprender que depois de me curar, eu estaria pronta para começar tudo de novo, com outra pessoa e que ela seria tudo que ele havia sido e muito mais e que desta vez eu o amaria, pois aprendera a me amar...
Eu havia nascido para resgatar esta amizade com aquele que
um dia usou o rótulo de marido da Paula e no caminho eu fui mãe de um ser que
eu precisava colocar em primeiro lugar sempre, meu filho amado...
Eu, você, nós, nascemos para aprender a não alimentar a
vitimização. Então em qualquer fase faça as perguntas certas e obterá as
respostas que irão te libertar. Se você ainda não consegue fazer isto sozinho,
busque alguém que poderá te ajudar...
E aprenda que separações, divórcios, mortes, brigas, nada
mais são do que ciclos que precisam ser fechados e somente você pode decidir
como vai querer sair destes términos de ciclos...
Eu já decidi como quero e quanto tempo vou permanecer dentro
deles... Siga o fluxo, sua alma sempre vai gritar quando não estiver no rumo...
Ouça... Não perca tempo alimentando sua vítima, sua raiva, sua mágoa, seu medo... Faça as perguntas certas, entenda e coloque em prática!!
Vá ser feliz de verdade, pois a felicidade é ao longo de todo o caminho e não um ponto perdido no fim da estrada...
Paula Aguerre.