E EU NUNCA ENTENDIA O PORQUE DE UM REENCONTRO DE ALMAS SER
TÃO BOM E AO MESMO TEMPO DOER TANTO...
E naquela noite mais uma vez nos desentendemos por algo sem
sentido, como se cada poro, cada parte do corpo e de minha mente reagisse de
uma forma forte e dolorosa demais para que eu conseguisse atinar que era só uma
bobagem...
Se fizeram seis meses de reencontro na terra, seis longos
meses em que cada dia, cada encontro se tornaram um aprendizado para minha
alma, para meus costumes e para a cura das mágoas que eu trazia na minha
bagagem... Como se cada palavra que ele pronunciasse, ou cada silêncio
interrogativo que fizesse, tivesse o poder de me machucar cada vez mais...
Dentro de minha mente eu indagava incansável o que eu fazia
ali, com ele, dentro de mais aquele desentendimento sem importância, porque eu
dava tanta energia para aquele acontecimento que tinha o poder de me deixar com
raiva, mágoa, com a sensação de estar sendo abandonada, rejeitada e exigindo de
mim uma atitude madura que eu não queria ter, quando na verdade eu queria
gritar que ele estava fazendo tudo de novo, repetindo os mesmos silêncios, a
mesma postura da cabeça baixa sem focar meus olhos ansiosos por uma definição
da parte dele... Sem nunca ouvir o que eu queria da parte dele... E eu só queria
entender aquele turbilhão de sensações e emoções que me consumiam e que eu
tinha que controlar com todas as minhas forças para não ter uma atitude da qual
eu sabia que iria me arrepender...
Em cada desentendimento eu esperava dele uma atitude de
olhos nos olhos, de boa conversa e decisões... Que nunca vinham... Enquanto eu
me perguntava porque eu me mantinha ali, esperando, quando na verdade eu não
estava tendo o que eu queria, um comportamento diferente de ambos, eu e ele...
Então, enquanto eu sentia dor por tudo aquilo, pelas brigas, pelas palavras que
eram entendidas de forma contrária, as colocações mais rudes e firmes dos dois,
eu comecei a observar o que eu sentia dentro, dentro de mim, que sensação era
aquela de impotência que me consumia e nunca era sanada por um comportamento da
parte dele que eu esperava... E então eu me vi em um espaço aberto, como se eu
vagasse... Continuei ali com ele fisicamente, mas minha mente, minha alma
saíram do lugar físico e foram para outro espaço de tempo... Pois eu não
aguentava mais viver dentro daquele relacionamento onde duas pessoas se
gostavam tanto, lutavam para se respeitar e aceitar as diferenças alheias e ao mesmo
tempo explodiam quando se aproximavam, tornando tudo difícil demais para
suportar.
Quando ele me olhou e quis saber o que eu queria falar, eu
descobri que não queria reclamar como das outras vezes, que não queria
dialogar, que não queria manter ele ali e que se ele desejasse ir embora, eu o
deixava livre para partir... E não senti medo de deixar acontecer, porque eu
estava cansada demais com os meus problemas e com os problemas daquele
relacionamento... Eu só queria entender algo que me libertasse de viver tudo
aquilo, toda aquela dor emocional da ausência dele e da presença dele... Eu só
queria curar o que doía dentro do meu peito, da minha mente e que me fazia
sentir uma vontade enorme de chorar impotente, por querer resolver e ficar bem
com ele e não saber como fazer aquilo...
Pensei, no momento que ele foi me beijar para ir embora e
deixar sobre meus ombros mais uma decisão, mais uma responsabilidade de procurá
– lo quando as coisas estivessem mais tranquilas, que eu não queria continuar
dando os passos em direção, consertando coisas que não eram eu que fazia
errado, situações que não me agradavam... Eu estava cansada de tolerar, dar o
primeiro passo até mesmo quando não era eu a errada...
E então eu me vi chegando em um lugar escuro, iluminado por
suaves nuances de estrelas ao longe e comigo estava o amado Arcanjo Miguel.
Olhei a frente e vi um turbilhão cilíndrico feito de energia escura, como
pequenos pontos cintilantes... E ao me aproximar daquilo tudo, grande demais
para eu entender, eu entendi que eram todas as mágoas, todas as dores, todos os
registros e coisas ruins que eu suportei em outras vidas, quando convivi com
ele... Minha primeira e incontrolável reação foi chorar, porque aquilo era
enorme e opressivo demais e saber que aquilo tudo estava guardado dentro dos
meus registros, de minha alma, de minha mente, de meu DNA espiritual era
aterrador.
Abracei o amado Arcanjo e chorei em seus braços, senti
aconchego e respeito de todos que estavam ali presentes, pois a dor humana das
vidas sucessivas malfadadas é a pior dor que existe ao ser vista do lado de
fora. Wal, mais a frente, sentado, me estendeu os braços carinhosos e eu sentei
ao lado dele, em choro, sentindo o amor dele, o carinho e o colo que nunca me
faltou. Ali, nos braços do meu amado Protetor espiritual, amor, e amigo, eu
deixei minha alma cansada sentir a carência, o medo da rejeição e a solidão que
eu vinha sentindo quando estava ao lado desta pessoa que eu havia reencontrado
na terra. Pedi para entender o que eu sentia e não mais o peso da culpa que eu
colocara nos ombros e nas atitudes desta pessoa. Eu queria paz e para ter paz e
perdoar aquelas brigas, eu precisava assumir minha responsabilidade. E assumir
esta responsabilidade me levava ao ponto crucial: Porque eu sentia tanta dor e
mágoa, tanta solidão e rejeição no contato com ele, se não havia algo palpável
nesta vida que criasse todo aquele turbilhão de sensações?
Levantei de onde Wal estava e segui sozinha em direção
aquele cone gigantesco de energia, o qual parecia um vulcão, levei a mão e
toquei aquela esfera e fui entrando devagar, sentindo calma na alma... Ninguém
interferiu ou me disse que era perigoso, eu só sentia, e sabia, que eu
precisava entrar naquele turbilhão para entender o que eu sentia e sanar de uma
vez aquela relação. Lembro que tracei uma corrente cósmica que se chama Zonar,
o qual reprograma a nível celular, traumas, dores, emoções, resgates,
reencontros, comportamentos... E o deixei entrar no meu peito... Eu precisava
sentir paz e entender para ficar bem... Estendi minha mão sem pressa e toquei
cada cristal lúcido que compunha aquele turbilhão e ali eu senti com minha
alma, que por mais que eu amasse esta pessoa e houvesse aberto mão de muitas
vidas para estar com ele, eu não o havia perdoado. Ainda agora, eu choro ao
lembrar as vidas, as dores, as traições, os filhos que carreguei sozinha quando
ele fugia pelo suicídio, pela bebida, pelas traições conjugais... Eu tocava as
partículas e as vidas iam se mostrando na minha frente, como se eu visse uma
enorme tevê em minha tela mental. Chorei pelas escolhas que eu fiz para estar
ao lado dele, em um eterno apego prejudicial, choro ainda os contratos que
assumi ao casar com ele, ao morrer com ele, ao deixar minhas programações para
viver as escolhas dele... E ali eu senti o peso da minha responsabilidade,
senti na minha mão o peso das alianças que trocamos, das juras que idolatramos
vida após vida, tentando cumprir o prometido, por mais que não nos fizesse
bem...
Chorei os desatinos, as saudades, os rostos de mulheres
pelas quais eu fui deixada, com filhos pequenos nos braços, chorei o peso que a
sociedade das épocas colocaram em meus ombros solitários e chorei porque
entendi de onde vinha a raiva que eu sentia quando não conseguia dialogar,
quando tinha que dar o primeiro passo nesta vida para consertar coisas...
Ao tocar o turbilhão, o qual era minha mente e meus registros
inconscientes, eu assisti sombras arrastando – se, das mulheres que eu fui, do
papel que assumi e da força que eu tive que envergar para não afundar naqueles
momentos... Senti o peso da saudade que eu sentia dele naquelas separações e da
dor enorme de ter de partir humilhada quando eu desejava de toda minha alma
ficar e fazer dar certo...
Entendi que eu fizera algo grave para merecer aquele tipo de
resgate, o qual vinha se repetindo planeta após planeta, sempre com os mesmos
desfechos e entendi por que aqui, minha mente me torturava dizendo que ele era
o mesmo...
Eu continuei tocando sem julgar, apenas sentindo minha dor,
a qual eu carregava até o momento atual e que eu não suportava mais arrastar...
Ouvi o apito do trem e me virei para um dos lados e fechei
meus olhos... E senti mais uma vida passada e uma dor terrível de ter de viver
mais uma vida de abandono, traições e mentiras... Ele sempre caindo nas mesmas
armadilhas e eu sempre buscando por ele achando que iria mudar... Sempre
calado, cabeça baixa, achando algo para se distrair e não enfrentar uma
constatação de que as coisas não estavam bem e de que era hora de amadurecer a
relação... Eu sempre esperando, sem cobrar, apenas esperando ele amadurecer...
Sorri quando presenciei a imagem do trem fazendo a curva e
meus olhos na outra vida brilharam quando avistei ele guiando aquela máquina
gigantesca, meu coração era só alegria quando eu o esperava na plataforma,
cheia de saudade, de sonhos, de amor incondicional... De todos, foi o único que
eu amei incondicional e desci umbrais escabrosos na ânsia de acalentar em meus
braços, quando ele não podia subir ao céu comigo. Vaguei por lá até que ele
pudesse me ver, até que ele decidisse mudar e ouvi muitos nãos da parte daquela
alma. Sofri a dor das mães que veem os filhos no abismo, que estendem a mão
amorosa e tem esta renegada, vendo a queda iminente a sua frente sem poder
fazer nada para impedir a dor e a morte de quem se ama.
E então eu descia mais uma vez aos vales de sombras e por lá
eu ficava por longas décadas, centenas de anos, esperando ele acordar das
ilusões, da necessidade da bebida alcóolica e do orgulho enorme que possuía...
E um dia eu tive de fazer a primeira escolha da minha vida,
escolher a eu mesma ao invés de viver escolhendo estar com ele... E eu sofri
como alguém que perde tudo, e que não possui chão para se sentir segura... Eu
estendi a mão mais uma vez e convidei ele para ir comigo e ele decidiu ficar
ali, nos vales de sombra e dor... Eu ainda olhei muitas vezes para trás quando
saí de lá, voltei meus olhos e meu coração para trás na esperança de que ele
mudasse de ideia e Wal me abraçou e confortou minha solidão, minha impotência
por não conseguir mudar as coisas... E as pessoas...
Ali eu entendi que Wal se sentia como eu, eternamente esperando
que eu mudasse de ideia e o deixasse crescer, amadurecer e não atrasar minha
evolução, assim como eu passara vidas sucessivas esperando esta pessoa, Wal
ficara comigo, sem que minha inferioridade o visse, esperando eu amadurecer e
decidir partir daquele lugar...
...Pela nossa lei do livre arbítrio, eu e esta pessoa
decidimos nos reencontrar nesta vida atual e viver uma história, que só nossas
atitudes e amadurecimento vai poder definir quanto tempo vai durar, Wal me diz
que não precisaríamos nos reencontrar, pois não devo mais nada a esta pessoa,
tudo que eu pude fazer por ela, eu havia feito... Mas eu decidi que precisava
ve – lo, nós dois decidimos marcar o reencontro, mais uma vez, mais uma vida,
pois a saudade que sentiamos era enorme... E nos reencontramos...
E hoje eu deixo partir boa parte da dor inconsciente que eu
carregava, entendo que eu programei este reencontro porque só a presença dele
poderia despertar esta mágoa escondida, que eu carregava inconsciente... Porque
eu o amava, o amo, mas sou imperfeita e não havia conseguido perdoar tudo que
aconteceu lá atrás... E hoje eu deixo partir a dor, entendo o turbilhão, e tomo
uma decisão consciente... A de manter ele ao meu lado com mais tranquilidade,
sabendo que minha mente me manipula inconsciente e me faz reviver dores das quais não preciso mais e que não irão mais acontecer entre nós dois... Escolho viver este ciclo com esta pessoa pelo amor do
aprendizado...
Ele não pode mais me ferir, me abandonar, me machucar, só eu
posso dar permissão para alguém fazer isto e eu não dou... Porque não preciso
mais desta dor... Eu saldei tudo que devia, cada dor ao lado dele me ensinou a
me escolher, me proteger e seguir sem ele, se não deseja seguir comigo, se
deseja outras pessoas e outros aprendizados... Assim como eu posso seguir por
outras estradas, com outras pessoas...
Até que um dia nos reencontraremos outra vez e mais outra...
Cada vez melhores, como nesta vida, mais maduros, mais conscientes do que
queremos, para onde desejamos ir e com quem...
A minha gratidão é enorme por reencontrar ele, por fazer
parte das lembranças dele, por ter o cheiro dele no meu travesseiro... Por
ouvir ele pronunciar “Meu Bem” perto de meus cabelos...
Eu não preciso mais desta dor inconsciente...
E como diz a música: “Ei dor, eu não te escuto mais, você
não me lava a nada”...
Sinto a leveza na alma depois desta descoberta, depois de
ter desfeito o contrato deturpado com o passado que eu insistia em carregar
para sabotar este reencontro...
Fico aqui pensando quantos casais se separam por brigas
“bobas”, sem saber que carregam na alma, feridas que podem ser curadas com a
regressão, com o autoconhecimento, com as chaves cósmicas do Reiki...
Gratidão universo amado, gratidão por ser um pedaço lindo
que te habita e que habitas em mim.
Paula Aguerre/ Psicoterapeuta/ Habilitação para Regressão de
Memória Ética.
Santa Maria, 27 de
Julho de 2014.